Nossa homenageada da 5ª edição tem uma enorme contribuição ao cinema brasileiro. Fez parte do movimento de retomada do cinema baiano, dirigindo “O Diário do Convento”, um dos episódios do filme “3 Histórias da Bahia”. Vale lembrar também outros filmes que rodaram o Brasil e o mundo, como “Era Uma vez Flor”, premiado no Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana, em Cuba, e “No Coração de Shirley”, premiado no XVIII Black International Cinema. Sua contribuição também ultrapassa as telas, a exemplo de sua atuação para criação de políticas públicas voltadas para o audiovisual e sua pesquisa acadêmica centrada em Imagem e Mulher. Ela liderou ainda a primeira organização feminista no âmbito do audiovisual brasileiro, o Coletivo de Mulheres de Cinema e Vídeo do Rio de Janeiro.
Nossa homenageada na 4ª Edição construiu uma trajetória de mais de meio século no cinema e no teatro. Como cineasta, tratou em seus filmes de temáticas como amor, violência e problemas sociais, desenvolvendo uma narrativa fílmica como espaço de pertencimento e repleto de referências da história.
É reconhecida como a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem brasileiro lançado nos cinemas – Amor Maldito, de 1984, considerado também o primeiro a trazer para as telas a temática lésbica.
Participou de dezenas de espetáculos teatrais na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, entre eles Morte e Vida Severina, direção de Luiz Carlos Maciel; Esta Noite Improvisamos, direção de Alberto Daversa; Teatro de Cordel, direção de Orlando Senna; A Divina Comédia, direção de Regina Miranda e, em Havana, O Belo Indiferente, direção do panamenho Edgar Soberón Torchia.
No cinema, atuou em O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha; Coronel Delmiro Gouveia, de Geraldo Sarno; Iracema e Gitirana, de Orlando Senna e Jorge Bodanzky; Diamante bruto, de Orlando Senna; Caveira my friend, de Álvaro Guimarães; Abrigo Nuclear, de Roberto Pires; Iremos a Beirute, de Marcus Moura; Perigo Negro, de Rogério Sganzerla; Chega de saudade, de Laís Bodanzky; Luz nas trevas, de Helena Ignez; O último romance de Balzac, de Geraldo Sarno; De velha basta eu, de Victor Luiz; Em casa, de Juliana Panini; A coleção invisível, de Bernard Attal.
Helena Ignez é uma reconhecida atriz e cineasta brasileira, nascida em Salvador, com uma trajetória inconfundível como protagonista de clássicos do cinema nacional. Abandonou o curso de Direito para estudar Teatro onde se envolveu com movimentos vanguardistas na capital. O papa do Cinema Novo, Glauber Rocha, foi o seu primeiro diretor no curta-metragem O Pátio (1958).
Helena atuou em alguns dos filmes mais importantes do cinema brasileiro dos anos 60 como: O Assalto ao Trem Pagador de Roberto Farias (1962), O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade (1966), O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla (1968) e A Mulher de Todos, de Rogério Sganzerla (1969). Além de inspirar esses grandes mestres da produção cinematográfica nacional, fez carreira notável como diretora e roteirista, com vários longas e curtas no currículo.
A cineasta baiana começou a estudar teatro e dança ainda na época de colégio,onde começou a despertar seu interesse por artes e cultura. Formou-se em História pela Universidade Federal da Bahia, onde se inteirou mais sobre a cultura negra através de um olhar etnográfico. Ela também teve a oportunidade de trabalhar de fato com pesquisa no Centro de Estudos Afro-orientais, o que despertou um interesse ainda maior pela África, especialmente a diáspora e suas consequências culturais no Brasil.
Participou da 1ª Bienal de Fotografia em Salvador, com o trabalho Mulheres da Minha Vida, e realizou o seu primeiro vídeo Eu Sou Neguinha?, em 1988, um documentário sobre a reflexão da mulher negra baiana a respeito da Abolição da Escravatura. Através deste trabalho, participou de importantes festivais nacionais e internacionais (São Francisco, Nova York, Buenos Aires, São Paulo, Rio de janeiro).