Nossa homenageada na 4ª Edição construiu uma trajetória de mais de meio século no cinema e no teatro. Como cineasta, tratou em seus filmes de temáticas como amor, violência e problemas sociais, desenvolvendo uma narrativa fílmica como espaço de pertencimento e repleto de referências da história.
É reconhecida como a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem brasileiro lançado nos cinemas – Amor Maldito, de 1984, considerado também o primeiro a trazer para as telas a temática lésbica.
Participou de dezenas de espetáculos teatrais na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, entre eles Morte e Vida Severina, direção de Luiz Carlos Maciel; Esta Noite Improvisamos, direção de Alberto Daversa; Teatro de Cordel, direção de Orlando Senna; A Divina Comédia, direção de Regina Miranda e, em Havana, O Belo Indiferente, direção do panamenho Edgar Soberón Torchia.
No cinema, atuou em O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha; Coronel Delmiro Gouveia, de Geraldo Sarno; Iracema e Gitirana, de Orlando Senna e Jorge Bodanzky; Diamante bruto, de Orlando Senna; Caveira my friend, de Álvaro Guimarães; Abrigo Nuclear, de Roberto Pires; Iremos a Beirute, de Marcus Moura; Perigo Negro, de Rogério Sganzerla; Chega de saudade, de Laís Bodanzky; Luz nas trevas, de Helena Ignez; O último romance de Balzac, de Geraldo Sarno; De velha basta eu, de Victor Luiz; Em casa, de Juliana Panini; A coleção invisível, de Bernard Attal.
Helena Ignez é uma reconhecida atriz e cineasta brasileira, nascida em Salvador, com uma trajetória inconfundível como protagonista de clássicos do cinema nacional. Abandonou o curso de Direito para estudar Teatro onde se envolveu com movimentos vanguardistas na capital. O papa do Cinema Novo, Glauber Rocha, foi o seu primeiro diretor no curta-metragem O Pátio (1958).
Helena atuou em alguns dos filmes mais importantes do cinema brasileiro dos anos 60 como: O Assalto ao Trem Pagador de Roberto Farias (1962), O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade (1966), O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla (1968) e A Mulher de Todos, de Rogério Sganzerla (1969). Além de inspirar esses grandes mestres da produção cinematográfica nacional, fez carreira notável como diretora e roteirista, com vários longas e curtas no currículo.
A cineasta baiana começou a estudar teatro e dança ainda na época de colégio,onde começou a despertar seu interesse por artes e cultura. Formou-se em História pela Universidade Federal da Bahia, onde se inteirou mais sobre a cultura negra através de um olhar etnográfico. Ela também teve a oportunidade de trabalhar de fato com pesquisa no Centro de Estudos Afro-orientais, o que despertou um interesse ainda maior pela África, especialmente a diáspora e suas consequências culturais no Brasil.
Participou da 1ª Bienal de Fotografia em Salvador, com o trabalho Mulheres da Minha Vida, e realizou o seu primeiro vídeo Eu Sou Neguinha?, em 1988, um documentário sobre a reflexão da mulher negra baiana a respeito da Abolição da Escravatura. Através deste trabalho, participou de importantes festivais nacionais e internacionais (São Francisco, Nova York, Buenos Aires, São Paulo, Rio de janeiro).